“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou” Efésios 4:32
Em toda a oração do Pai Nosso, a frase mais difícil para nós é: “Assim como temos perdoado nossos devedores.” Não é fácil entender ou aplicar isto de uma maneira prática no nosso viver diário. Naturalmente a questão que nos confronta é: Temos perdoado àqueles que nos ofendem? Em meu coração ainda guardo algum velho rancor? Temos realmente uma consciência limpa em nosso relacionamento com os outros? A atmosfera entre minha pessoa e meu próximo está sem nuvens e relâmpagos? Estou inclinado a manter um grau de má vontade com relação a alguém que me magoou? Existe uma aversão à alguém, e que corrói minha alma? As ofensa e males que outros me tenham feito me comem como um câncer? Estas são algumas perguntas dignas de serem analisadas, pois elas situam-se sob a superfície de atitudes aparentes e hipócritas, com as quais muitas pessoas tentam acomodar-se diante dos ensinos de Cristo. É bastante provável que a grande maioria das pessoas que repetem esta oração não têm perdoado aos outros, não tendo assim cancelado velhas dívidas.
Como podemos chegar ao nosso Pai Celestial e pedir perdão se nós mesmos não perdoamos? Isso só poderá ser feito com hipocrisia. Deus porém conhece este tipo de fingimento. Jesus sempre enfatizou que as nossas atitudes interiores eram mais importantes do que as exteriores. Nosso Pai conhece nossas atitudes e as considera acima da nossa aparência. Muitos de nós, desde criança, tornamo-nos hábeis em fingir, sendo então, ótimos atores. Podemos dizer uma coisa enquanto pensamos outra completamente diferente; podemos sorrir mantendo ressentimento. Em quase tudo podemos enganar aos outros mas não podemos esconder isso do Espírito pesquisador que vive em nós. Logo, se vamos dizer esta oração esperando que cause um impacto em Deus e em nós mesmos, o fingimento e o desempenho de nosso papel teatral devem ter fim, pois “Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4:24.
Vamos analisar o seguinte: Por que muitos de nós temos dificuldades em perdoar? Por que é tão difícil abandonar os velhos ressentimentos? Por que deixamos que o antagonismo, a amargura e a hostilidade enfraqueçam nosso caráter? Muitos de nós nem mesmo compreendem que estas situações existem em nossas vidas e muitos já nos adaptamos à elas. Saibam que embaixo da dificuldade de perdoar existe o fato fundamental do orgulho humano; a resistência do nosso EU, grande e central, recusando-se a dobrar-se, inclinar-se ou ser quebrado. Insistimos em nossos supostos direitos, defendemo-nos, reclamamos nossos privilégios e mantemos firmes nossas posições. Tente imaginar o trono inexpugnável, no qual seu EGO se assenta, no reino de sua vida! Tal estima e preservação pessoais alcançam um preço muito alto, ou seja, a nossa separação de muitas pessoas, tornando-nos inflexíveis, arrogantes, autopiedosos e rápidos em achar somente as falhas alheias.
Como sobrepujar isso? A resposta está em achegar-se a Cristo e compreender o que Ele sofreu por nós no Calvário, esse Calvário que permanece eternamente como a demonstração do total altruísmo de Deus e Seu amor pelo ser humano. Aí está o oposto de nosso comportamento: o amor em oposição à atitude egoísta. Se Cristo tivesse insistido em seus direitos, não teria havido a nossa reconciliação com o Pai. Nada pode esmagar mais o nosso ego, como contemplar Cristo na cruz. Na presença do Príncipe da Paz morrendo por mim, meu insignificante orgulho torna-se pó, minha egolatria evapora-se, aquilo que melhor possuo é nada, vejo como são minhas falhas e posso então me dispor a perdoar os outros. A proporção em que estou disposto a perdoar é uma indicação da minha experiência pessoal do perdão recebido de Deus, meu Pai.